La Espina! Uma aventura de bicicleta pela Cordilheira dos Andes. Por Emanuel Silveira

Antes de mais nada, preciso me apresentar, mas gostaria de deixar claro desde o principio que não sou nenhum atleta de resultados, e sim uma alguém comum que decidiu sair de sua vida pacata, onde algumas âncoras me mantinham no lugar e outras afundavam minha vida cada vez mais para baixo. Essa é uma história que mostra como pessoas tão comuns e cheias de problemas, também podem fazer coisas incríveis.

Bem, sou Emanuel Silveira, um paulista que cresceu na cidade grande ansiando pelo que existia lá fora, com sonho de conhecer, viver e aprender novas culturas e lugares. Resumindo um pouco e como já havia mencionado acima, algumas âncoras me prendiam aqui, me sentia de fato preso a minha vida, acomodado as minhas rotinas e com uma ansiedade cada vez gritando mais alto.

2015 foi um ano complicado, a empresa onde eu trabalhava a 6 anos acabou em falência, me deixando completamente na mão. Eu tinha esse pequeno sonho de viajar pela extensão da Cordilheira dos Andes e ver de perto como se vivia ali, aprender com os locais e viver junto a eles explorando cada lugar incrível que nosso continente pode proporcionar. Houve uma hora em que me vi desempregado, buscando trabalho para funções que eu não gostava e seguindo para mais uma amarra que eu mesmo me ataria. Então decidi sair, viajar, queria ir para o norte e descer até o extremo sul de carona, a pé, ou como fosse. Até que então, um mês antes da viagem acabei descobrindo um casal chamado Pedarilhos, que pedalavam pela América do sul de bicicleta. E eu parei, analisei e tive a conclusão de que SIM, é possível viajar de bicicleta!

Mas espera aí, eu nunca havia andado de bicicleta. Na verdade eu tive bicicleta até os 10 anos de idade, acho que nem coordenação para me equilibrar novamente em cima de uma, eu não teria mais. Ainda assim, entrei na internet nesses sites de coisas usadas, e comprei uma bicicleta usada de um senhor que havia quebrado a clavícula com ela e queria se livrar logo da coitada.

Inicialmente achei ela super pesada, e a batizei de Âncora. Mas apesar do trocadilho no nome por ser uma bike pesada, é também uma metáfora sobre como eu levava a minha vida antes. Sempre tive muitas âncoras que me mantinham no lugar, mas ao mesmo tempo me puxavam para baixo e não me deixavam explorar meu potencial e viver meus sonhos. Quando a comprei, vi ali uma oportunidade de cortar as amarras que me prendiam e senti uma certa liberdade, até porque o plano era realizar projetos que tinham a ver com soltura, auto descobrimento e conhecimento. Ela seria o meu principal meio de transporte e me levaria e levou a lugares e a estados de espirito que eu nunca havia chego e talvez nunca chegaria se eu ainda estivesse ancorado naquela minha vida. Pronto, agora eu tinha uma bicicleta. O que eu ia fazer agora?

Tive que mudar alguns planos, descobri que a época de chuvas no altiplano começariam em poucos meses, e que se eu fosse de bicicleta, eu não conseguiriam começar na Colômbia ou no Equador por essa questão. Eu tomaria toda a chuva quando chegasse no Peru e na Bolívia e eu não queria isso. Pois bem, comprei uma passagem direto para Cusco, uma viagem de ônibus de 3 dias, o plano era começar pedalando de lá e então seguir “descendo” rumo ao Sul.

Foi tudo tão rápido que quando me caiu a ficha, eu já estava a caminho do Peru sem saber falar espanhol, com uma bicicleta pesada e um monte de equipamento que eu nunca tinha mexido na vida, e pensando: “No que que eu estou me metendo?”. Mas percebi com o tempo que se eu tivesse pensado duas vezes, possivelmente eu não teria saído da minha zona de conforto, e a partir daí, me tornei uma pessoa muito mais impulsiva e assim mais aberto para as oportunidades.

Foram 6 meses percorrendo Peru, Bolívia, Chile e Argentina no Pedal e fazendo trekkings por toda a Cordilheira. Até que precisei voltar para casa por problemas familiares.

Dessa aventura, saiu uma websérie no Youtube chamada LA ESPINA, que faz referência a espinha dorsal da América do Sul, que é a Cordilheira dos Andes. E que você pode assistir abaixo:

A primeira temporada tem 24 episódios no total. Todas disponíveis no link acima.

E em 2018, agora restabelecido, resolvi voltar para a cordilheira e pedalar até a Patagônia onde eu acabei não chegando da outra vez. Foi difícil me livrar novamente das amarras e voltar, mas foi preciso por diversos motivos e é incrível como a gente aprende tanto em tão pouco tempo na estrada. As duas viagens me transformaram positivamente e hoje eu vivo e vejo minha vida, meus atos, pensamentos e o mundo ao meu redor de uma outra forma.

Essa experiência, você pode ver na nova temporada do LA ESPINA, no YouTube! E o primeiro episódio está no ar:

E hoje, quatro anos depois, após ter vivido e aprendido tanta coisa. Posso dizer que foi a melhor escolha que eu pudesse ter feito.

Quer acompanhar essa aventura?

YOUTUBE: /longedarotina

INSTAGRAM: @emanueltsilveira

EXTREMOS: la espina

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